segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

História murbanense: memórias de Seu José Salles

Depois de 38 anos que saiu da Vila Castelo, a visita do ilustre murbanense, José Salles, de 56 anos, não poderia passar desapercebida pela cidade.


José Salles aproveitou um momento especial para vir à cidade, o ensejo da vinda de sua filha, a Professora Joállia Salles, que ministra aulas no curso de Psicopedagogia pela Universidade Teológica. Seu José Salles, aproveitou a estada em Manoel Urbano para realizar encontros e sufocar um pouco a saudade dos velhos conhecidos murbanenses como Admo Nogueira, amigo de infância, além de fazer um mini tur pela nova cidade que se formou em 38 anos.


“Fiquei muito emocionado ao ver o tamanho da cidade. Quando saí daqui, em 1973, tinha um punhado de casinhas e hoje tudo está mudado”, disse com um sorriso no rosto.


José Salles é um poço cheio de memórias da vida dos primeiros tempos de Manoel Urbano - nas décadas de 1960.


José Salles é filho do Gerente do Seringalista Flávio Rocha, o Sr. Carlos Silveira da Costa, conhecido como Carrim. A família destacou-se de Boca do Acre-AM, para morar no Seringal Afluente, onde Seu Carrim gerenciava. Seu José Salles chegou com 9 anos e saiu com 17 rumo a Rio Branco.


“Quando chegamos aqui, lá pelo ano de 1960, ainda chamavam de Vila Castelo, mas logo começaram a chamar Vila Manoel Urbano”, comenta Salles. José Salles tem muitas memórias de sua época, e se puxar, muita coisa vem. Por exemplo, lembrou do dia da inauguração do campo de aviação(março de 1967), quando o Vice Governador Omar Sabino, o Bispo Dom Giocondo e os padres Paolino, Heitor e outros vieram para a celebração do início dos vôos de aviões para a Vila; puxando um pouco mais as lembranças Salles lembrou do assassinato do seringueiro e sanfoneiro Damião, morto por golpes da faca no Seringal Liberdade. O Delegado de Polícia na Vila Manoel Urbano era Sebastião Valentim.


Seu Salles tem na memória os dois lados da cidade e parte de seus moradores na década de 60. A cidade era dividida pelo Igarapé Mutamba e o lado que ficava na chegada dos seringais era chamado de Castelinho, do outro lado, próximo ao Rio, o Castelo.


“No Castelinho morava o Nilo Mendes, Manoel Lima, Zeca Mendes, Carlos Silveira, o Valmirá e Chico Pereira... No Castelo morava o Evilásio, Antonio Dias, Zé Mendes, Genésio, Inacio Dantas, Dico Mutamba...” lembra José Salles.


José Salles lembra também as festas na Vila Manoel Urbano. A Pedra, edificação com piso em alvenaria e tendo um para-peito em sua volta, próximo onde hoje é a Prefeitura era o lugar preferível para o forró; ao som dos modernos toca-discos. Em todos os lugares tinha festa, mas depois da Pedra, vinha a residência de Seu Evilásio, esta não mudou de local, onde hoje mora sua filha Suzete.


A casa de Seu Evilásio era um dos lugares na Vila Castelo ou Vila Manoel Urbano que sempre aconteciam festas. Eu que vos escrevo, lembro que na década de 80, Seu Evilásio ainda fazia festas por lá.

Carlos Silveira da Costa, o Seu Carrim, gerenciou os negócios de Flávio Rocha, o maior comerciante da Vila Castelo na década de 60. Foto: álbum familiar.


Com excelente memória, José Salles lembra do meu Avô, Raimundo Lourenço, considerado um dos melhores sanfoneiros da região do Purus na época.


“Raimundo Lourenço andava 10 horas de viagem para tocar numa festa. Nunca vi o Raimundo Lourenço sem tocar. Era o melhor da região! Nessa época tinha os toca-discos, mas quando ele, Raimundo Lourenço, chegava desligavam o toca-discos e ele tomava conta da festa”, conta Salles.


O bate-papo terminava, após mostrar para Seu Salles, onde mora a Margaret, filha de Evilásio e Evandro Farias, filho de Sebastião Valentim. Terminada a aula de Joállia, Seu José, que deu tantas contribuições à Manoel Urbano, inclusive nos trabalho de abertura da BR 364, com o 5º BEC, tem que ir. Cumprimenta, porém antes de sair e entrar no carro, Síria Alves, filha do Chico Araújo aquém conhecera na infância. Despediu-se, deu-me seu telefone e seu email e partiu para Rio Branco.


Seja sempre bem-vindo Seu José Salles e todos os filhos de Manoel Urbano. Nossas memórias, nossa História!


Um comentário:

  1. Amei a postagem.
    E fico feliz por saber que os simpático povo de Manoel Urbano valoriza os filhos da terra.

    Bem, eu conheço pouco dessa história, mas após conhecer o povo de Manoel Urbano, já dá pra entender pq quem viveu na cidade é tão apaixonado por ela.

    Um grande abraço

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