A TERRA QUE AMO

Este ano depois de muitos contatos e pedidos consegui marcar minhas férias do trabalho junto com a da faculdade. Enquanto muitos dos colegas usavam suas férias para viaja para o litoral, eu decidi viajar para Manoel Urbano, minha terra natal com o intuito de passar esses dias ao lado dos familiares e amigos.

Na viagem fiquei feliz em ver as obras na BR. É um sonho que se torna realidade e só quem vive ou viveu no isolamento tem ideia do que significa. Há maquinas por toda a estrada e muitas pessoas trabalhando. No percurso da balsa do Purus a Manuel Urbano lembrei-me da época em que era carteiro, das pessoas, da boa forma como me recebiam, dos almoços, do sol, da lama e da boa colega de trabalho bicicleta. Vii abismado que as muitas ladeiras que haviam da entrada (manga) até a cidade já não existem mais.

No tempo em que estive na cidade visitei boa parte dos familiares e amigos, infelizmente não foi possível visitar a todos. Estive na propriedade rural de meu avô Elson Nogueira, lugar onde ele trabalhou dignamente para sustentar a família, notei de perto os efeitos da idade e de três cirurgias no vigor de um homem, as plantações do local, hoje são bem menores comparadas com aquelas que via quando criança. Mesmo cansado ele ainda vai quase todos os dias lá.

Andei por toda a cidade, fui à feira dos colonos, que leva o nome de minha bisavó Raimunda Nogueira. Tive o prazer de pescar no Purus, jogar um futebol com os amigos, tomar banho na bela praia do rio, comer um bom churrasco com os amigos e a felicidade de ver como cresceu o número de evangélicos na cidade. Também tive a triste constatação, de que apesar de alguns ainda me chamarem de menino Osmir, não sou mais um menino ao ver que boa parte dos amigos de infância casaram e já são pais, outros que foram meus alunos já estão próximos do vestibular.

Porém, o que mais marcou nesta viagem foi a forma como a cidade cresce e se encontra, não quero aqui falar mau de ninguém, apenas alertar para o que no futuro pode ser um mal maior. A cidade teve muitos avanços mas passa por um grande êxodo rural, pessoas estão migrando para a cidade! Esse processo de ocupação da cidade precisa ser ordenado.

Com a pavimentação da BR muitas são as pessoas que aparecem para compra terras, com isso o morador que residiu anos na beira da estrada, sem energia e na lama, agora que chegou a energia e o asfalto esta chegando, vende a propriedade e vai para a cidade. Outros migram na busca de melhorias visando trabalho nas empresas que se estalaram por conta da construção da BR. Casas são construídas por todos os lados, todos os terrenos estão sendo aproveitados. Parece não haver planejamento, o crescimento se dá de forma desordenada, se constrói as casas e só depois as “ruas” são abertas. Parece que as autoridades não se preocupam com a urbanização nem com futuros desmoronamentos, digo isto pelos locais em que estão sendo feitas construções.

Outra situação que merece atenção é com relação ao contingente que migrou. Por enquanto as empresas que se instalaram estão absorvendo essa nova e grande mão-de-obra. Quero chamar a atenção para quando esta obra acabar, e as empresas forem embora, como o município vai absorver essas pessoas no mercado de trabalho?! Isso precisa ser pensado hoje para evitar problemas maiores no futuro.

Amo Manoel Urbano e acredito em dias melhores para ele.

Osmir Costa do Nascimento