O outro, foi mostrar à Bolívia que o Brasil estaria mesmo disposto a ir a guerra na defesa do povo extrativista do Acre, visto que a opinião pública não aceitaria que o governo do Rio de Janeiro cruzasse os braços caso soubesse que os seringueiros fossem expulsos pelas armas daquela área. Um admirador exaltado da posição tomada pelo barão escreveu na imprensa: “Temos um Homem no Itamaraty.”
Para dar prova de seriedade, como demonstração de força, ordenou-se a mobilização de tropas federais em Mato Grosso e no Amazonas para que se deslocassem para o território do Acre. Assim, com essa articulada combinação de diplomacia e do uso do argumento militar, só restou ao governo da Bolívia retroceder. Aceitou um acordo provisório, assinado em março de 1903, e decidiu por comparecer à mesa de negociação. O local acertado foi Petrópolis no estado do Rio de Janeiro, honorável cidade imperial onde se encontravam as delegações estrangeiras no Brasil.
O principio sustentado pelo Brasil na sua demanda para com a Bolívia foi o mesmo utilizado pelos portugueses nos tempos dos tratados de 1750 e 1777, assinados então entre o Reino de Portugal e o Reino da Espanha para acertarem suas diferenças fronteiriças na América Ibérica: o do uti possidetis solis. Quer dizer, tem direito ao território quem o possui, quem tomasse a terra contestada era o seu dono de fato. Pelo lado brasileiro atuaram Ruy Barbosa e depois o gaúcho Assis Brasil, que o substituiu, enquanto que representando a Bolívia encontrava-se o senador Fernando Guachalla e o ministro Cláudio Pinilla. No primeiro dos seus dez artigos fixou-se: “Do Rio Beni na sua confluência com o Mamoré (onde começa o Rio Madeira), para o oeste seguirá a fronteira por uma paralela tirada da sua margem esquerda, na latitude 10º20’, até encontrar as nascentes do Rio Javari”.
O acerto final
Acordou-se então que o Brasil indenizaria a Bolívia com 2 milhões de libras esterlinas em troca de um território que incorporaria não somente o Acre inferior (142.000 km²), como o Acre superior (48.000 km²), rico em florestas e reservas de seringais. O Brasil, por igual, comprometeu-se a entregar em permuta certas áreas da fronteira do Mato Grosso que, no total, perfaziam 3.164 km, bem como dar início a construção da estrada-de-ferro Madeira-Mamoré, numa extensão de 400 km, para permitir uma saída da Bolívia para o oceano Atlântico (promessa feita a primeira vez em 1867).
As negociações, entre os legatários bolivianos e os brasileiros, iniciadas em julho de 1903, enceraram-se quatros meses depois com a assinatura solene do Tratado de Petrópolis no dia 17 de novembro de 1903. Consagrou-se como uma das maiores vitórias diplomáticas do Brasil visto que conseguiu incorporar ao território nacional, sem deflagrar guerra, uma extensão de terra de quase 200.000 km², que foi entregue a 60 mil seringueiros e suas famílias para que lá pudessem exercer as funções extrativas da borracha.
E, fundamentalmente, evitou-se um conflito bélico com a Bolívia, um país pobre e isolado do mundo. Guerra que, se travada, traria uma mancha indelével para a imagem do Brasil, pois iria aparecer no cenário mundial como um valentão prepotente tirando proveito dos mais fracos. O barão do Rio-Branco, por sua parte, foi homenageado pelo povo acreano com a fundação da Vila de Rio-Branco, atual capital do estado do Acre.
Referências bibliográficas:
Calmon, Pedro – História do Brasil: a República, volume V, São Paulo, Editora nacional, 1956.
Costa, Craveiro – A conquista do deserto ocidental, São Paulo, Editora Nacional, 1940.
Cunha, Euclides – Um paraíso perdido: reunião de ensaios Amazônicos, Petrópolis, RJ, Editora Vozes, 1976.
Lins, Álvaro – Rio-Branco, São Paulo, Editora Nacional, 1965
Viana, Hélio – História das fronteiras do Brasil, Rio de Janeiro, Edição da Biblioteca Militar, 1948.
educaterra.com.br
Ah to canssado de ouvir essas merda. o Acre e pra ser um pais independente dessa merda de brasil...Eu sou um acreano de nacionalidade...brasil e um grande sonho, utopico...o Acre e realidade!!!
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