Grupo de Monitores, líderes da Igreja Católica e membros das Comunidades Eclesiais de Base - CEBs de Manoel Urbano, década de 1980.
A DEVOÇÃO À RAINHA DA PENHA
A devoção e o zelo à Nossa Senhora da Penha passou de mãe para filha. O tempo passou e D. Antônia Mendes, conhecida por todos como D. Tonica, que era também muito devota, zelosa e dedicada às obras de Deus, assumiu a missão de sua mãe e ficou à frente de tudo, motivava e encaminhava todos os trabalhos.
Com muito esforço, trabalho e ajuda dos patrões, conseguiram construir a primeira Igrejinha dedicada a Nossa Senhora da Penha. Embora a capelinha tenha sido a concretização de um sonho e de muita luta, algum tempo depois teve de ser demolida para dar espaço a construção da pista de pouso, obra urgente e necessária para o bem comum.
A obra foi concretizada pela então Prelazia do Acre e Purus em parceria com o Governo do Estado, na pessoa do Missionário Italiano, frei Heitor Turrini, OSM, que morava em Sena Madureira e fazia desobrigas na região do Purus. Acompanhava o Frei Heitor, uma Missionária Leiga italiana, Prisca, que também morava em Sena.
Era o alvorecer das Comunidades Eclesiais de Base (CEB´s), novo modo de ser Igreja, inaugurado no Brasil, em toda a América Latina e, dando os primeiros passos na Igreja do Acre, iniciando em Rio Branco e se espalhando pelo interior. A voluntária Prisca se empenhou nessa Missão Evangelizadora e começou a acompanhar mais de perto o grupo, dando formação, motivando, incentivando e descobrindo novas lideranças para assumirem o cargo de Monitor. Era a Comunidade Nossa Senhora da Penha, da Vila Castelo, pertencente à Paróquia de Sena Madureira.
Com a demolição da Igreja, a Imagem de Nossa Senhora da Penha foi levada para acasa de D. Tonica, que, com muito zelo, lhe preparou um nicho e aí continuou reunindo os fieis para a reza do terço, novenas e outras orações, assim como promovendo eventos, quermesses e angariando doações para a construção da segunda Igreja.
Neste espaço também eram feitas e pagas promessas, inclusive depositando os milagres alcançados: fotos, miniaturas de braços, pés, cabeças, etc. A imagem permaneceu na casa da Sra. Antônia Mendes no período de 1965 a 1977.
CONSTRUÇÃO DA NOVA IGREJA
Na década de 70, foram iniciados os trabalhos de construção da nova Igreja, em alvenaria, situada na Praça Nossa Senhora da Penha, que está de pé até hoje.
DE DOM GIOCONDO A DOM MOACYR
Em 28 de Setembro de 1971, aconteceu o drástico acidente aéreo em sena Madureira que vitimou o Bispo D. Giocondo Maria Grotti e mais 35 pessoas que estavam a bordo no avião, um DC-3, pertencente à empresa Cruzeiro do Sul, que caiu em Sena Madureira minutos após sua decolagem com destino a Rio Branco.
No ano seguinte, em 1972, foi nomeado o então Pe. Frei Moacyr Grechi, OSM, para dirigir a Prelazia do Acre e Purus que ficou vacante com a morte trágica de D. Giocondo, sendo Sagrado Bispo em 21 de Outubro de 1973.
Em 14 de Maio de 1976, a Vila Castelo teve sua emancipação política recebendo o nome de Município de Manoel Urbano, em homenagem ao primeiro desbravador do Rio Purus, o amazonense Manoel Urbano da Encarnação.
No ano seguinte, em 1977, através do Projeto de Igreja-Irmãs da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), a Prelazia do Acre e Purus recebeu um grupo de Irmãs da Congregação das Irmãs Josefinas, vindas do Ceará, missionárias dispostas a enfrentarem os desafios da Missão pela causa do Reino de Deus, para uma evangelização mais eficaz, para ficar com o povo.
Essas Irmãs entraram na dinâmica das Comunidades Eclesiais de Base e o novo município de Manoel Urbano foi beneficiado com uma Comunidade dessas Irmãs que passaram a residir na cidade dando assistência religiosa a todo o povo.
Através de visitas constantes e sistemáticas aos vários seringais, as Irmãs foram descobrindo lideranças, implantando e acompanhando as Comunidades e Grupos de Evangelização por todo o território do município, desde a BR 364 até o Rio Moaco, Seringal S. Romão e ao longo do Rio Purus de Sena Madureira a Santa Rosa do Purus. Sem esquecer a zona urbana, onde foram implantadas algumas Pastorais e Movimentos com todo o acompanhamento assim como vários Grupos de Evangelização.
A formação dessas Lideranças era uma necessidade urgente e constante, não se podia deixar para depois. Então se fazia um calendário de treinamentos no próprio Grupo e na cidade, com assessoria vinda de fora e/ou das próprias Irmãs. Foi um verdadeiro investimento. Nomes de algumas lideranças nesta época: Fco. Tibúrcio dos Santos (Chico Cupim), Joana Rendeira, Tiana, Albertina, Zé Macieira, Guilherme, Celina, Maria Bananeira, Maria Capistrano, Fca. Braga (d. Nega), Zeca Moura, Matilde, Nazinha, e muitos outros.
As Irmãs eram responsáveis por tudo. Com a presença das Irmãs na Comunidade, os padres vinham de Rio Branco só para as Celebrações Eucarísticas e Sacramentos que as Irmãs não podiam oferecer. Fazia-se o possível para ter a Celebração Eucarística pelo menos uma vez por ano em cada Comunidade do interior.
Quando as Irmãs chegaram, encontraram a Igreja de Nossa Senhora da Penha já quase concluída, faltando apenas portas, janelas e pintura, o que foi feito logo em seguida.
Em 1986, a Prelazia do Acre e Purus é elevada a categoria de Diocese e recebe o nome de Diocese de Rio Branco, tendo como sede episcopal a capital do estado, Rio Branco onde está situada a Catedral dedicada a Nossa Senhora de Nazaré.
No ano seguinte, em 1987 a Área Pastoral Nossa Senhora Penha, que até então era dependente da Paróquia de Sena Madureira, foi desmembrada, tornando-se autônoma, primeiramente em estágio experimental e em seguida definitivamente.
A primeira Irmã Vigária da nova Paróquia Nossa senhora da Penha foi a Irmã Maria Otacília da Silva. Como as Irmãs têm suas normas e seus superiores a quem devem obediência, vez ou outra precisam ser remanejadas, assim é que se revezavam na missão de Vigária, tendo sempre em mente que toda a Comunidade Josefina era responsável pela Paróquia como um todo.
Os padres da Paróquia Santa Inês de Rio Branco, assumiram a colaboração sistemática com a nova Paróquia Nossa Senhora da Penha, de Manoel Urbano.
No dia 15 de Abril do ano de 1987, numa Quarta Feira Santa, aconteceu a bênção e primeira Missa de inauguração na Igreja de São Francisco, localizada no bairro do mesmo nome. A construção dessa Igreja foi sempre um grande desejo do povo da Comunidade.
O Bispo D. Moacyr comprou o terreno com um prédio de madeira já armado e coberto. Os devotos de S. Francisco, com boa vontade, terminaram a construção realizando pequenos mutirões e angariando doações.
Cada Domingo era feita a Celebração da Palavra, com boa participação do povo. E no dia 04 de Outubro do mesmo ano, fez-se a entronização da Imagem de São Francisco na sua Igreja.
No final da década de 90, foi demolida esta Igreja de madeira que já não oferecia condições de acolher os fieis e, no mesmo local, foi construída a nova Igreja atual em alvenaria, considerada o Santuário de São Francisco. Sempre com muita dificuldade, através da colaboração, doações e boa vontade dos devotos de São Francisco.
Em 27 de Julho de 1993, foram iniciados os trabalhos de construção da nova Igreja Matriz de Nossa Senhora da Penha em novo endereço à Rua José Francisco Freitas e só concluída 02 anos depois em 1995. Sendo transferida a Matriz para o novo endereço, a antiga Igrejinha dedicada a Nossa Senhora da Penha, passou a ser dedicada a São Sebastião, grande devoção do povo murbanense.
Texto: Irmã Maria Nieta Oliveira
Texto: Irmã Maria Nieta Oliveira
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